Sábado, 23 de Novembro de 2024

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Goioerê
Publicada em 02/06/18 às 15:20h
30 ANOS ASSALTO A BANCO DO BRASIL GOIOERÊ: Freira fica famosa em todo o brasil e esperava recompensa de 3 milhões de cruzados

GOIOERÊ É ASSIM

ESTA MATÉRIA É UMA REPRODUÇÃO DO JORNAL DO BRASIL 
(Rio de Janeiro 11 de junho de 1988).

Aos 44 anos, a carioca Salete Maria Neves Vieira ficou famosa. Frequentou as páginas dos jornais e as manchetes nas televisões. Mais conhecida como irmã Letícia - a religiosa que acompanhou como refém os dois assaltantes do Banco do Brasil na cidade paranaense de Goio-Erê - espera agora receber a parte do dinheiro que lhe foi prometida pelos ladrões a título de doação. Não sabe ao certo qual o quinhão que lhe cabe e nem mesmo se verá a cor desse dinheiro. Os dois assaltantes deixaram um bilhete com o gerente do Banco, Elias Famelli, pedindo que uma parte dos Cz$ 3 milhões devolvidos fosse entregue à irmã Letícia e a duas meninas gêmeas que nasceram cegas. Descansando no Rio dos dias de tensão, irmã Letícia planeja dar o dinheiro a sua mãe, Jurema, de 73 anos. Viúva, ela mora com uma irmã num apartamento no bairro de Copacabana. "Eu não pedi nada. Foi espontâneo da parte deles", diz a freira, que não vê nenhum mal em embolsar esse dinheiro. "Não é dinheiro de assalto, é o banco que vai doar", argumenta. Quando recebeu o hábito da Ordem da Imaculada Conceição, há 21 anos, num convento em São Paulo, Salete Vieira ganhou um novo nome - Letícia significa alegrias é assim que ela se comporta, sempre sorridente. Sua adolescência foi vivida em Copacabana, ao lado dos pais - um gerente da indústria de máquinas Singer e uma auxiliar de enfermagem - e dedicada únicamente aos estudos. A adolescente carioca estudou inglês, aprendeu violão e piano e fez o curso Normal num colégio de freiras na Tijuca. Nunca namorou e tampouco sonhou em casar e ter filhos. A atual irmã Letícia jura que sua vocação é inabalável. "Eu me sinto plenamente realizada como religiosa", afirma. Essa, no entanto, não é a opinião de suas superioras. No convento da Ordem da Imaculada Conceição, no município paulista de Itu, a irmã Maria José considera que irmã Letícia não tem as virtudes necessárias para encarar a vida religiosa. "O problema principal é que ela não cumpre o voto da obediência. Só faz o que quer. Nem tem temperamento para viver na clausura".
inho Punição — Há seis meses, o convento paulista tem em mãos um documento da Sagrada Congregação dos Religiosos, um órgão do Vaticano, determinando que irmã Letícia abandone o hábito. Nesse momento, ela está num período de exclaustração imposta, ou seja, não pode voltar à clausura, o que contraria frontalmente seus projetos. "Não vejo a hora de voltar à vida de clausura e de orações", diz a freira, que alimenta uma profunda devoção a Santa Terezinha. Para ela, tirar a sorte grande seria ter uma audiência particular com o papa João Paulo II, uma das duas pessoas que ela mais admira (a outra é o cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, D.Eugênio Salles). Dos dois assaltantes, a irmã Letícia tem as melhores lembranças. "Paulo e Lourenço foram muito humanos e me pediram que em todas as entrevistas eu desse uma mensagem aos jovens, para não seguirem o caminho deles", conta. Ela acredita no sincero arrependimento dos ladrões, que até agora conseguiram driblar as investigações políais.
ais. A bordo do avião que os levou de Goio-Erê até local desconhecido, os passageiros - além dos assaltantes e da freira, o padre Marcelino Bravo e o piloto Irineu Dermachi - pouco conversaram. A irmã puxou o terço e todos rezaram durante boa parte da viagem. Com vários parentes no Rio, que juntos rezaram para que ela saísse ilesa do episódio, irmã Letícia vai mandar celebrar missa de ação de Graças na Igreja de São Paulo Apóstolo, em Copacabana, antes de voltar a Goio-Erê, na próxima semana. Ela continua torcendo para que os ladrões se entreguem à polícia, seguindo assim seus conselhos. "Só assim eles poderão retomar uma vida normal", explica a freira, que se sente "responsável diante de Deus" por eles. Se forem presos, ela gostaria de visitá-los no presídio. "Sempre estarei em oração pedindo para que eles encontrem o caminho da Verdade", afirma, mostrando-se uma crítica contundente do atual sistema penitenciário do país, que deixa os presos confinados, em vez de fazê-los trabalhar para pagar sua dívida à sociedade.







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