O município de Goioerê recebeu na madrugada dessa quinta-feira (22), mais um grupo com outros 18 imigrantes venezuelanos refugiados do seu país de origem, vindos de Boa Vista (RR). Os imigrantes desembarcaram à 1h30 no aeroporto de Maringá, Silvio Name Júnior. Eles vieram em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Em seguida foram trazidos em ônibus do Exército até Goioerê.
Os refugiados foram acolhidos pela organização humanitária Aldeia SOS, por meio do Projeto “Brasil Sem Fronteiras”. A medida faz parte do processo de interiorização dos imigrantes que cruzam a fronteira do País pelo estado de Roraima. Após a chegada a Goioerê, os imigrantes passarão por um processo de adaptação da língua e de preparação para o mercado de trabalho.
De acordo com o coordenador do projeto “Brasil Sem Fronteiras”, em Goioerê, Luiz Marcos Medeiro Carvalho, este é o terceiro grupo que chega ao município este ano. O primeiro desembarcou na cidade dia 1º de setembro, na ocasião 12 famílias, somando 60 imigrantes. Há cerca de duas semanas outros 7 refugiados da Venezuela chegaram ao município.
“Está sendo uma experiência de sucesso. Da primeira turma que recebemos sete famílias já estão fora do condomínio em seus próprios lares. Conseguem um emprego e alugaram uma casa”, comentou Carvalho. Ele disse que a comunidade de Goioerê “abraçou” os imigrantes. “Eles foram muito bem recebidos tanto pelo poder público quanto pela comunidade em geral”, ressaltou.
De acordo com Carvalho, a maioria dos venezuelanos tem estudo. “São pessoas cultas, que têm vontade de viver, eles não têm culpa dessa situação política econômica da Venezuela, são vítimas e só querem uma segunda chance aqui no Brasil”, argumentou.
Para evitar transtornos com a chegada dos imigrantes, desde que a cidade foi escolhida para receber as famílias, o poder público do município orienta a população para que haja uma integração e acolhimento entre as duas comunidades.
As famílias estão sendo selecionadas pelo perfil estabelecido pela Aldeia SOS e sua vinda á cidade é de livre escolha. O trabalho é feito em parceria entre o governo federal e organismos internacionais ligados às Nações Unidas, como as Agências para Refugiados (Acnur) e para as Migrações (OIM), além do Fundo de População das Nações Unidas (Unfa) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Os imigrantes irão permanecer na Aldeia SOS por um período de três a seis meses, mas o prazo pode ser prorrogado. As crianças serão matriculadas nas escolas públicas de Goioerê e os adultos receberão aulas de português no período da noite, na própria Aldeia. Todos os adultos possuem curso superior ou ensino médio profissionalizante. Eles poderão deixar o abrigo e procurar trabalho no município além de outras cidades da região quando estiverem adaptados ao País.
A onda migratória para o Brasil, principalmente pela fronteira com Roraima, e a expansão para Estados vizinhos teve início em meados de 2017. Os venezuelanos deixam o país de origem por conta da grave crise econômica e a falta de alimentos e se apresentam como refugiados, em condição de perseguição política ou crise humanitária. Em Goioerê, buscam empregos e, principalmente, atendimento de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: Tribuna do Interior